quinta-feira, 9 de outubro de 2008

In memoriam


Perdi o emprego e o celular em menos de 24h.

Falta de sorte? Hã? Como? O que é sorte? É de comer?

Perder o emprego era o previsto. Quando cheguei em Marília, há três meses, vim consciente de que seria por três meses, a não ser que "determinado candidato" ganhasse eleições municipais. Conheço dezenas de pessoas na mesma situação. Em Marília, Botucatu, São Paulo e outros estados. É muito normal isso acontecer em ano eleitoral e eu não questiono isso.

O motivo da minha reclamação é pela junção dos dois acontecimentos em tão breve período. E principalmente, por ter perdido meu amado salve salve celular nokia 6111 com três anos de idade. Lindo, todo estragadinho, com problemas no visor, com a memória lotada, sem cabo para descarregar fotos, mas era o meu amor eterno.

Tinha milhões de mensagens de amigos e ex-amores, desconhecidos que mandaram mensagem por engano que rendiam boas histórias em mesa de bar. Tinha uma história de vida lá dentro. Fora todos os milhões de contatos na agenda. As próprias fotos que nunca foram descarregadas.

A coisa não é material. É uma ligação emocional mesmo. Tudo tinha muito valor sentimental - como até papéis de bala tem na vida de uma canceriana, com ascendente em câncer!

Meu avô tinha me dado o aparelho. Tudo que meu avô me deu virou objeto de colecionador. Nem do nintendo de 1900 e Cavalo de Fogo com princesa Sara eu vou conseguir me livrar algum dia, porque foi presente dele.

Eu perco tudo todo dia. Mas perco dentro dos "meu limites". Consigo perder até maquina digital dentro de casa por meses. Mas eu encontro. Sempre encontro. Eu nunca perdi algo pra sempre. Mas dessa vez, o celular não vai voltar.

Mas ainda pior do que isso é ir comprar um celular novo e ser assaltado. Não. Não levaram meu celular de novo. Mas é que comprar celular é pior do que a máfia italiana. Você não pode ser roubado por 6 meses, porque o seguro contra roubo só funciona depois de 6 meses. Você não pode comprar um celular sem linha. Precisa pagar 15 reais pelo chip que não vai usar. Você não pode parcelar no cartão se for um aparelho pré. Mas o meu é pós. Mas como o meu contrato foi refeito há 2 meses, eu não posso comprar um celular pós. Preciso comprar como se fosse pré.

O que? Deu pra entender? Eu também não entendi. Passei o cartão, parcelei em 10 vezes e seja o que Deus quiser.

Se eu já consegui usar o aparelho? Lógico que não. Ainda não conseguiram ligar minha linha antiga no aparelho novo. Deve ser realmente um bicho de sete cabeças fazer isso. Celular novo só funciona com linha nova. Ninguém mais quer as coisas velhas. Tudo novo. Novo em folha. E viva o cartão de crédito. E viva o desemprego também, porque eu não sei como eu vou pagar minhas contas agora!

Acho que não vale a pena querer ser jornalista. Eu quero trabalhar numa operadora de celular.


Beijos da Lola, só um pouquinho revoltada.