quinta-feira, 10 de abril de 2008

Mequetrefices neuróticas de uma filosofia moderna, parte II

Eu seria uma pessoa melhor se fizesse Sociologia. Certeza.

Mequetrefices neuróticas de uma filosofia moderna...

Reflexões demasiadamente pessoais para serem divididas.

Mas posso dizer que estou reescrevendo o roteiro. Graças a Deus. E ao terapeuta. E à minha percepção, que finalmente regressa ao seu devido lugar. E a outras coisas e pessoas, que não devem ser publicadas.

Algumas coisas estavam muito erradas. Agora nem tanto.

Antes tarde do que nunca.


"
vãs
todas as coisas que vão"
[Leminski]


Beijo-beijo da Lola-la.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Sobre a felicidade



Hoje conheci o Seu Robério, aposentado, 75 anos, conhecido como "vôzinho". O Seu Robério é morador da COHAB I aqui de Botucatu há 8 anos.

Quando o Seu Robério chegou na COHAB, pertinho da casa dele havia um terreno - próxima ao barranco que fica ao lado da Rodovia Marechal Rondon - castigado por queimadas, cheio de mato, lixo e bichos...

Ali do lado também fica a Escola Estadual Professora Sofia Gabriel de Oliveira. E o Seu Robério não queria deixar aquela feiúra toda perto das crianças. E ele, que sempre trabalhou na lavoura e morou no sítio, também sentia falta de um cantinho "do mato".

E foi assim que o Seu Robério criou a "Praça é Nossa". Um verdadeiro jardim botânico no meio do Conjunto Habitacional Humberto Popolo. Com um pouco de ajuda da prefeitura e muita ajuda dos colegas, vizinhos e pessoas que se interessavam pelo trabalho, Seu Robério tem, no espaço de aproximadamente 500m², mais de 40 espécies de árvores frutíferas. Tem amora, cereja, acerola, goiaba, manga, laranja, limão, uva japonesa. Tem também as espécies com flores, como o ipê. E tem um espaço onde o vôzinho planta hortelã, cebolinha... tudo isso é pra comunidade, porque segundo ele, "a praça é nossa".

O que mais me fascinou foi a alegria do Seu Robério. Os olhos quase não abriam, de tanto que o homem sorria. Verdade que o sol era forte também, mas graças às árvores plantadas na pracinha, a conversa embaixo da sombra, no banquinho da praça, foi muito agradável. Sai de lá até com dor na bochecha. É impossível não ser contagiado pela alegria dessa boa alma.

E foi com essa mesma alegria que ele abriu a porta de casa, na hora em que o chamei no portão. E depois também subiu até sua casa e desceu de novo, pra buscar as reportagens em que já havia aparecido, além da lista com o nome de tudo o que tem plantado em sua pracinha e fotos com visitantes da praça. Tudo guardado num saquinho plástico, com muito amor.

Enquanto conversávamos, a criançada saia da escola e ia sentar à sombra das árvores. Os bancos, de acordo com o vôzinho, estavam sendo estragados na própria escola. "Mas aqui ninguém estraga nada. Todo mundo respeita a praça", contou.

O Seu Robério me deu um presente hoje. Ver a felicidade dele, nos olhos fechadinhos pelo sorriso, me fez abrir um pouco mais os meus.

As vezes eu quero parar de tentar ser jornalista. Eu me questiono muito sobre o que faço, porque o trabalho no interior - que até o presente momento é o único que conheço e tenho "autoridade" pra classificar - não é fácil. Muitas vezes precisamos entrevistar pessoas que não tem muito (ou nada) a dizer, e que tem mais espaço do que deveriam. E em outras conhecemos pessoas e histórias tão interessantes, daquelas que a gente tem vontade de ouvir o dia todo, e não temos onde divulgar ou ainda nem mesmo tempo de ouvir...

A conversa de hoje não vai pro jornal, infelizmente. Eu conheci o vôzinho porque estou reunindo informações pra montar um Guia da COHAB pra editora. Mas conhecer o Seu Robério me fez ficar feliz com esse trabalho [que até então não me agradava muito]. E na primavera eu volto lá pra fazer a reportagem.

Para todos os meus colegas, PARABÉNS PELO DIA DO JORNALISTA.

Beijos da Lola