domingo, 30 de março de 2008

Um texto sobre muitas coisas

Antes eu só não tinha vontade de sair, encontrar as pessoas. As antigas, as novas, as futuras personagens dessa novela. Preferia ficar em casa esperando meu roteirista melhorar de seu humor negro. Agora sumiu a vontade de escrever também...

E aí fica o blog vazio... e a cabeça quase explodindo. Vai entender a lógica neurótica...

Mas domingo é aquele dia perfeito para iniciar mais um distúrbio mental, e/ou fazer coisas que você não deve - tipo ligar pra um ex-namorado e dizer coisas que pra ele soariam como se fossem ditas em aramáico. Além disso, hoje, mais do que nos outros dias, eu não sairia de casa por nada. Domingo não é dia de sair. É dia de se jogar no sofá.

Mas ficar jogado 24h enjoa também. Por isso resolvi escrever para ocupar a mente e, quem sabe, ajudar um pobre coitado que, assim como eu, caça o que fazer nesse delicioso domingo para ter uma crise de ansiedade ou histeria...

Lá vamos nós.

A melhor coisa que aconteceu comigo nos últimos tempos foi o GNT. Ninguém podia viver tanto tempo sem Nigella e Jamie Oliver. (Não para aprender receitas deliciosas e suas descomplicadas maneiras de prepará-las...mas porque dá uma vontade de cozinhar nas pessoas que não sabem nem fazer omelete).

Entre outras coisas, comecei a assistir (bem as vezes) o tal "Saia Justa". O programa é apresentado por Mônica Waldvogel, Betty Lago, Márcia Tiburi e Maitê Proença, discutindo sobre assuntos variados. Desde o mais clichê até o mais inusitado.

Peguei o programa meio no final ontem a noite. Pelo que entendi, cada uma das apresentadoras colocava uma questão na roda. A última foi a Betty Lago, que apresentou o movimento We Are What We Do. O movimento encoraja pessoas a mudar o mundo com suas pequenas atitudes do dia a dia.

No programa, a Betty Lago levou também uma lista: o pessoal do movimento perguntou às crianças o que elas poderiam fazer pra melhorar o mundo. E algumas das respostas foram "Ajudar a minha mãe" - escolhida simplesmente por ser a melhor e a mais simples idéia do mundo; "Fazer biscoito para os pássaros" - escolhida pelo romantismo; "Ensinar aos mais velhos como mandar SMS" - a idéia de integração.

É lógico que estas são idéias todas lindas. E havia mais um monte delas. Todas lindas. Mas a resposta que mais gostei foi da Márcia Tiburi: "fazer o que me compete".

Fazer o que temos competência pra fazer, sem dúvida, faria do mundo um lugar que beiraria a perfeição. Se cada um ficasse no seu lugar, sem dúvida viveríamos em paz, harmonia e tudo funcionaria corretamente. Se você é médica deve cumprir suas obrigações de médica. Se é jornalista, suas obrigações de jornalista. Se mãe, papel de mãe... Não adianta querer fazer aquilo que compete ao outro.

É lógico que nem todo mundo é competente, mas aí cabe outra discussão. Por enquanto falamos apenas daqueles que sabem exercer seus papéis e que não devem se meter no papel do outro.

Mas a frase dela só me chamou tanta atenção porque senti essa situação na pele nesta semana. Como todos sabem - se leram a descrição do blog - sou jornalista. O que não está muito atualizado é o meu emprego. Hoje trabalho em outro jornal e não escrevo mais sobre moda, arquitetura e decoração - por enquanto. (Além disso tem mais dois trabalhos, mas depois falo sobre eles).

Entrevistei uma pessoa. Para preservar sua identidade, não vou citar sua profissão. Mas enfim, fiz a entrevista. E com a humildade de uma jornalista praticamente recém-formada, com medo de escrever algo que tivesse interpretado mal, e mesmo por respeito à pessoa em questão, ofereci o texto para uma revisão da entrevistada, para que ela pudesse fazer alguma alteração necessária e indispensável para o bom entendimento do texto.

Mas a pessoa acabou se arrependendo da maneira como disse as coisas e quis mudar tudo no texto. Entendo o distúrbio bipolar, e até ai tudo bem...se ela tivesse atribuido o trabalho a mim. Mas ela, da área das ciências biológicas, reescreveu tudo sozinha.

E o texto estava carregado de termos incompreensíveis ao público-geral. Um verdadeiro desrespeito ao leitor, na minha opinião. Mas ela acha que sabe ser jornalista. Paciência.

É por isso que eu acredito no método "melhore o mundo" da Márcia: quando a gente faz aquilo que sabe, fica bom e muitas pessoas podem se beneficiar com isso. Mas se nos metemos a fazer o que não estamos capacitados a fazer, sai errado. Bem errado. E vai saber quantas pessoas podem ser afetadas... Imagina eu fazendo pesquisa em laboratório? Coitados dos que dependessem das minhas análises...



Beijos da Lola.


PS: Nada contra e absolutamente tudo a favor das pessoas que se arriscam a fazer aquilo que tem vontade, e lutam por isso. Tudo a favor das pessoas com força de vontade e iniciativa. Mas tudo contra pessoas intrometidas.

Um comentário:

  1. "Ensinar aos mais velhos como mandar SMS" - A-D-O-R-E-I !

    Esses projetos e iniciativas "pós teoria do aquecimento global" são super engraçadas. Até parece que o mundo era perfeito antes disso. Que só agora que precisamos fazer alguma coisa! Vai entender...

    Tem muita gente que acha que sabe fazer tudo! Principalmente o trabalho alheio, mas é o que você disse: paciência! rs

    Bjos e até!

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