terça-feira, 23 de outubro de 2007

Mais sobre a arte e a ciência da confusão


No post anterior falei do caso de uma pessoa A que confunde uma pessoa B com uma pessoa C.

O segundo caso é basicamente mais “simples”, pois seria uma pessoa A que se confunde com uma pessoa B.

Muito confuso? Calma que eu explico melhor (ou não...)!

É engraçado como pessoas realmente se enxergam nas outras. Seres humanos, às vezes, servem de espelho para outros. Não é uma questão de identificação. É uma questão de enxergar-se em qualquer atitude de um próximo, sem que este próximo tenha necessariamente aquela característica.

Isso serve para o bem e para o mal. Uma pessoa “má” pode ver maldade numa outra que não é maldosa. Uma pessoa “boa”, pode ver bondade em alguém que não é bondoso. Uma pessoa neurótica, pode ver neurose em alguém que não é neurótico. E assim por diante...

(Nota de uma neurótica: Será que existem pessoas não-neuróticas?)

Relato em forma de exemplo prático, para clarear a idéia:

Recebi uma ligação de um ex-namorado. Conversamos às vezes, pra falar da vida e tudo mais. Ele é um bom amigo, um cara legal - com seus poréns, mas é.

Nesta ocasião, ele, sabendo que me encontro solteira, sugeriu que nos encontrássemos. Eu ia viajar, estou solteira-mas-não-disponível e ainda não estou louca nem com 50 anos, então recusei.

Ele então começou a recomendar que eu tivesse juízo na viagem, e outras milhões de recomendações pra minha vida de solteira.

(Observação: Estou solteira e sozinha, muito bem, obrigada há quase dois meses, e o cara vem me dar recomendações de juízo...)

E é exatamente ai que entra a minha mequetréfica teoria de que as pessoas A se enxergam em pessoas B, em determinados momentos.

Temos uma amizade muito sincera, e ele me conta praticamente tudo, até com quem ele sai. E eu afirmo: não são poucas garotas.

(Observação 2: Inclusive, descobri acidentalmente na conversa que, entre outras, ele está saindo com uma conhecida minha. Para a surpresa dele, que não sabia que eu conhecia a referida.)

Então acredito que o cara, num surto de confusão mental, me confundiu com ele. Porque eu não preciso de conselhos de juízo pra minha ajuizada vida de solteira-muito-bem-obrigada.

Tudo bem, o cara é meu amigo. Não estou dispensando conselhos. Conselhos são bem-vindos - e bem-idos algumas vezes também...

Mas é que a conversa ganhou um tom machista, do tipo “eu posso e você não pode”. Eu não me importo com o que ele faz. E eu não faço nada, então ele deveria se importar bem menos.

Acho que quando nos confundimos com o outro, quando o A se enxerga, sem saber, em B, acho que no fundo há a tentativa de se defender de suas próprias acusações...ou então de se dar um self-advice.


Beijos da Lola - praticamente em crise de identidade nessa altura...

2 comentários:

  1. Até um certo ponto, todos os Seres Humanos, independentemente do sexo, são iguais, e Freud explica isso.

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  2. Eita, olha o Daniel tentando defender a 'laia'....
    Liga não Lola, esses ex que acham que podem controlar as nossas vidas não estão com nada...rs
    Bjos

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